Objetivo foi descrever as práticas clínicas atuais para tratamento de problemas de sono em crianças/adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (C/A TEA), assim como avaliar as características de sono (CS) e sua relação com nível de suporte, uso de medicação, provável bruxismo do sono (PBS), ansiedade, nível de cortisol (C) e melatonina (M) salivar. Foram realizados 3 estudos. O primeiro, uma revisão cienciométrica para compreender o panorama da produção científica mundial sobre tipos de tratamentos dos problemas de sono em C/A TEA. Identificou-se 5.139 estudos e 63 foram para extração de dados, publicados entre 1999-2023. Os tratamentos alopáticos isolados foram relatados em 42,8% estudos e não alopáticos em 57,1%. O efeito positivo para a melhora no sono foi observado em 87,3%, sendo a melatonina a mais frequente (23,8%) seguida de terapias comportamentais e educativas (TCE) (22,2%). M e TCE foram os tratamentos mais utilizados e com resultados favoráveis para o controle dos istúrbios do sono em C/A TEA. O segundo estudo foi uma overview de revisões sistemáticas (REV), com o objetivo de resumir as evidências sobre eficácia da M no tratamento de problemas de sono em C/A TEA. Dos 350 estudos incluíu-se 13 REV sendo 06 julgados como de qualidade criticamente baixa, 03 baixa qualidade, 03 moderada e 01 alta qualidade. Houve aumento no tempo total de sono e na latência do seu início com uso da M, comparando com placebo e melhora no despertar durante o sono. Há evidências do benefício e da segurança da M. O terceiro estudo eterminou as CS e relação com nível de suporte, medicamento, cronotipo, PBS, ansiedade e nível de C e M salivar em C/A TEA. Após anamnese e exame, aplicou-se questionários para verificar ansiedade (SCARED; ponto de corte ≥25) e CS (crianças de 2-6 anos-Inventário de Hábitos de Sono para Crianças Pré-Escolares e pacientes de 7-16 anos-Questionário de Comportamento do Sono). Coleta domiciliar de saliva com Salivette® para mensurar níveis de M e C foi realizada. Dados foram tabulados e analisados estatisticamente (p≤0,05; SPSS 20.0). A amostra foi de 85 C/A TEA, 02-16 anos, 50,6% suporte nível 2; 83,5% em uso de medicação (MED), PBS em 72,9% e 48,2% com ansiedade. As CS, “Vai para a cama dos pais à noite”, teve relação com PBS (p=0,025) nas crianças de 2-6 anos, bem como “fazer cochilo”, “levar +30min para adormecer”, “acordar angustiado” e “chamar pais a noite” tiveram relação com ansiedade (p<0.05), Já nos 7-16 anos, várias CS foram relacionadas com nível de suporte (“Vai para cama disposto”; “ficar sonolento enquanto conversa com alguém” e “adormecer na cama dos pais”), cronotipo (“acorda
1-2 vezes à noite” , “ficar menos de 30 minutos acordado durante a noite” e “após acordar vai para cama dos pais”) e ansiedade (“suar quando dorme”, “se contrair no sono”, “acordar confuso” e “ranger os dentes”). Nenhuma relação com PBS foi observada nessa idade, tampouco o uso de MED nas duas faixas etárias. Dos 85 indivíduos, 43 (50,5%) entregaram as amostras de saliva e os níveis médios de C e M foram 13,29 (±13,39) e 299,91(±241,77) respectivamente. Não foram observados relação ao uso de medicação, nível de suporte e PBS. CS e C tiveram relação com “acorda durante a noite”, “chamar” e “ir para a cama dos pais”; e M com “adormecer só”, ambas nas de 2-6 anos. Nas de 7-16 anos, “movimentar-se no sono” teve relação com C e “falar dormindo” e “roncar enquanto dorme” com M. Conclui-se que algumas CS em C/A TEA podem ser influenciadas pelo nível de suporte, cronotipo, PBS, ansiedade e níveis de C e M salivar, principalmente nas acima de 7 anos. Por fim, foi desenvolvido um produto técnico (vídeo) sobre as estratégias de atendimento odontológico e acolhimento de crianças com TEA para melhor informar cirurgiões-dentistas.