O objetivo deste estudo foi avaliar, in vitro, a influência do agente infiltrante de baixa viscosidade (Icon®) e de substâncias pigmentantes (Coca-Cola® e Café) na colagem de bráquetes ortodônticos. Foram utilizados 90 corpos de prova de esmalte dentário bovino, divididos em seis grupos (n=15) de acordo com a aplicação do Icon® e a exposição às soluções pigmentantes. Três grupos foram usados como controle (DH, esmalte hígido imerso em saliva artificial; DHCO, esmalte hígido imerso em coca-cola; DHCA, esmalte hígido imerso em café) e três foram submetidos a desmineralização seguida de tratamento com infiltrante resinoso e imersos em saliva artificial (DI), Coca-cola (DICO) e café (DICA). O período de imersão foi de 18 dias. Em seguida, bráquetes ortodônticos foram colados em todos os grupos para realização de teste mecânico de resistência ao cisalhamento, seguido da análise do índice de remanescente adesivo (IRA). As variações de microdureza foram avaliadas inicialmente (T0), após desmineralização (T1), após infiltração com Icon® (T2) e após pigmentação (T3) através do microduromêtro (HMV Micro Hardness Tester, Shimadzu, Kyoto, Japan). Análises colorimétricas foram realizadas nos tempos T0, T2 e T3 com espectrofotômetro Easyshade Compact DEASYC220 (VITA Zahnfabrik, Baden-Württemberg, Alemanha). O sistema de cor L*, a*, b* definido pela Comissão Internacional de Iluminação foi utilizado para avaliar as mudanças. A rugosidade superficial foi avaliada em T0, T2 e T3 através do perfilômetro 3D (Nanovea PS50 Optical, NANOVEA Inc., Irvine, USA). A análise estatística foi realizada através do software JAMOVI (versão 2.3) adotando nível de significância de 5%. Estatísticas descritivas e testes de normalidade foram realizados para todas as variáveis do estudo. Para análise de cor e teste de cisalhamento, foi aplicado teste ANOVA/Tukey. Para as análises de microdureza e rugosidade foi aplicado o teste de Friedman seguido pelo pós teste de Durbin-Conover. O teste de Kruskal-Walis foi utilizado para o índice de remanescente adesivo (IRA) além do teste de confiabilidade para testar a reprodutibilidade do estudo entre examinadores. Os resultados mostraram que o tratamento com o infiltrante Icon® foi capaz de promover o aumento da microdureza do esmalte. Em relação à imersão nas substâncias pigmentantes, todos os agentes, exceto o café, foram capazes de alterar a microdureza do esmalte, resultando em uma redução significativa desses valores. Quanto a análise colorimétrica, a imersão em substâncias pigmentantes resultou em alterações de cor quando comparadas aos grupos imersos em saliva. A maior alteração foi observada no grupo imerso em Coca-Cola® (DHCO) sem tratamento com Icon® e no grupo imerso em café (DICA) entre os tratados com Icon®. Em relação a rugosidade, a imersão em substâncias pigmentantes causou aumento significativo na rugosidade do esmalte, com maiores alterações observadas nos grupos imersos em Coca-Cola® (DHCO e DICO) e café (DHCA e DICA). Nos grupos tratados com o infiltrante Icon®, houve aumento na rugosidade, especialmente após a infiltração (T2-T0), indicando que o Icon® influenciou significativamente a superfície do esmalte. Os resultados da resistência ao cisalhamento dos bráquetes indicaram a interferência do Icon® na adesão dos bráquetes, com diferenças observadas ao comparar os grupos DH e DI, assim como entre os grupos imersos em café (DHCA e DICA). No entanto, não houve diferenças significativas nos grupos imersos em refrigerante de cola. O Índice de Remanescente Adesivo (IRA) foi analisado, mostrando maior prevalência altos escores de remanescente adesivo nos grupos com esmalte hígido. Conclui-se que o tratamento com o infiltrante Icon® e a exposição as substâncias pigmentantes interfere negativamente na dureza do esmalte dentário, na estabilidade de cor e na integridade superficial.