Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de compreender as diretrizes e prioridades da alfabetização em cursos de licenciatura em pedagogia de Universidades Federais do Brasil no contexto da Resolução CNE/CP Nº 2/2015. A partir de uma análise documental baseada nos princípios do materialismo histórico e da linguagem como enunciação, foram investigados 37 Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) e a própria política curricular em questão. Os resultados mostram que, em média, os cursos dedicam cerca de 5% de sua carga horária total para questões relativas à alfabetização, o que parece insuficiente frente ao caráter complexo do ensino da língua materna em sua modalidade escrita. Nos cursos, há grande disseminação das teorias cognitivistas e do letramento e, no geral, há um enfoque nas questões práticas do ensino da língua em detrimento dos conhecimentos linguísticos em si. A Resolução CNE/CP Nº 2/2015 não menciona o termo alfabetização e, por meio de conceitos como de flexibilidade e de competências, reforça o discurso hegemônico de que a escola e os docentes devem focar na aprendizagem de atitudes que possibilitem a adaptação às demandas da sociabilidade burguesa. Concluímos que, intencionalmente, o ambiente de formação de alfabetizadoras no Brasil não são as universidades mas os cursos de formação em serviço que, pela sua própria natureza, possuem caráter ainda mais praticistas, podendo ser rapidamente reformulados às novas demandas do capital e carregando um maior poder coercitivo sobre a atuação docente quando comparado a políticas instituídas na formação inicial.