Nesta pesquisa de mestrado realizada no Programa Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi/UFGD), na linha Processos Psicossociais, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), nos empenhamos em encontrar caminhos para entender e abordar as práticas e desafios enfrentados pela Psicologia no apoio às mulheres Kaiowá e Guarani da Reserva Indígena de Dourados (RID) que sofrem violências. Utilizamos a metodologia da autoetnografia, onde a experiência pessoal e profissional guia nossa pesquisa. A autora é uma jovem mulher, indígena da etnia Guarani, com formação em Psicologia e experiência profissional com os povos indígenas Guarani e Kaiowá desde 2016. Durante a pesquisa, observamos que as mulheres indígenas são frequentemente silenciadas e seus conhecimentos são invisibilizados. Elas enfrentam diariamente desafios como a luta por igualdade de direitos, reconhecimento de sua capacidade intelectual e participação em decisões importantes. Os coletivos de mulheres indígenas têm denunciado várias formas de violência enfrentadas por elas, tanto dentro de casa, no trabalho, nas aldeias e nos serviços públicos, nas retomadas e, infelizmente, dentro de suas próprias casas de reza. As mulheres indígenas continuam a enfrentar obstáculos para provar sua competência, muitas vezes sendo subestimadas dentro e fora da comunidade. No entanto, elas contribuem de diversas maneiras para suas comunidades, tanto com conhecimentos tradicionais quanto acadêmicos e profissionais, demonstrando resiliência diante dos desafios. É crucial destacar essas contribuições para que não sejam esquecidas, reconhecendo o trabalho doméstico, político e em outras áreas. Diante das diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres indígenas, elas têm buscado cada vez mais o apoio de profissionais da Saúde e Assistência Social, especialmente da Psicologia. É essencial que as/os profissionais de políticas públicas estejam cientes das questões indígenas e das lutas das mulheres, promovendo um diálogo entre os saberes tradicionais e a Psicologia para cuidar das vítimas de violência de forma respeitosa, sensível e ética.