Esta pesquisa de mestrado, situada no Programa Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi/UFGD), na linha Processos Psicossociais da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), é um convite à reflexão sobre os efeitos da branquitude no âmbito da formação e prática da Psicologia, especialmente no contexto do SUS. Nosso objetivo é cartografar os desafios das pessoas profissionais da Psicologia, trabalhadoras da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de uma cidade no Mato Grosso do Sul (MS), no acolhimento e cuidado com pessoas negras e indígenas. Com questões comprometidas com a justiça social, este estudo visa discutir as percepções sobre raça, racismo estrutural e saúde mental em suas confluências. As problematizações se construíram a partir das narrativas de nossas interlocutoras, entrelaçadas aos estudos críticos da branquitude em conversação com a Psicologia Social brasileira. Tais referenciais teóricos contribuíram para a construção de um trabalho que dialoga com o movimento epistemológico contracolonial e antirracista, na perspectiva do letramento racial crítico na Psicologia. Nessa cartografia dos atravessamentos da branquitude nos serviços da Atenção Psicossocial da rede SUS realizamos conversas com as equipes e entrevistas com 4 profissionais da Psicologia. A partir disso, consideramos como um dos desafios da Reforma psiquiátrica brasileira a urgente necessidade de relacionar o sofrimento psíquico de pessoas negras e indígenas com o racismo estrutural da sociedade brasileira. Embora a área venha sendo (re)construída e questionando suas ações institucionais para reconhecer o que se naturaliza em nossa sociedade, a Psicologia mantém-se cúmplice na perpetuação dos silêncios diante das injustiças sociais, dentre elas, o racismo e o sexismo.