A gestão tradicional da segurança do trabalho no Brasil é em grande parte baseada em sistemas do tipo comando-e-controle focados em regulamentos. Nesse contexto, o ser humano é considerado um problema a ser controlado e os resultados de prevenção de incidentes tendem a ser obtidos através de fiscalização e burocracia. Esta forma de gestão é pouco eficaz, reduz a flexibilidade organizacional e ao longo do tempo tende a corroer as relações humanas. É inadequada ao mundo atual, cada vez mais complexo e cheio de interferências. A evolução para sistemas de gestão que considerem o ser humano como um agente preventivo, é necessária para obter resultados duradouros. Neste panorama, têm surgido diversas abordagens de gestão de segurança alternativas, aos quais se dá o nome de "Nova Visão de Segurança". Este movimento agrupa as abordagens conhecidas como High Reliability Organizations (HRO), Human and Organizational Performance (HOP), Engenharia de Resiliência (ER), Safety II e Safety Differently e parece ainda carecer de um maior embasamento científico. Em contrapartida, a forma tradicional de gestão de segurança apresenta sólidos modelos, dos quais se destaca a ISO 45001, baseada no ciclo PDCA- Plan, Do, Check, Act (Planejar, Executar, Verificar e Corrigir) proposto originalmente por Deming para controle de qualidade, que goza da confiança da comunidade de segurança e das organizações em geral. O presente trabalho investiga a possibilidade das proposições contidas nas Novas Visões de Segurança serem usadas no modelo de gestão ISO 45001 e propor um framework sobre como aplicá-las. Para chegar a este objetivo, foi feita uma revisão de literatura que permitiu apresentar as principais características de cada abordagem da Nova Visão em um quadro, pontuando também seus pontos em comum, denotando sua origem na teoria do pensamento sistêmico e em autores como Rasmussen (Modelagem de Riscos em Sociedades Dinâmicas), Reason (Gestão do Erro Humano) e Perrow (Teoria dos Acidentes Normais), entre outros. O quadro obtido foi cotejado com os elementos de gestão da ISO 45001 e feitos agrupamentos coerentes,através de pesquisa com especialistas e análise estatística ANACOR, permitindo definir um framework de aplicação.