O trabalho desempenha um papel de centralidade na produção do espaço social humano, uma vez que o mesmo é imprescindível para produção e reprodução da vida. Logo, compreender a realidade dos trabalhadores de determinado espaço, em determinado tempo, é essencial para desnudar o que está por trás das desigualdades socioespaciais do tempo presente. Partindo dessa premissa, esta pesquisa teve como objetivo compreender a realidade da classe trabalhadora do Vale do Jequitinhonha, apresentada no Jornal Geraes, partindo da premissa de que o referido Jornal se colocava numa posição histórica de apoio aos trabalhadores da região. A definição de classe trabalhadora utilizada partiu de uma visão ampliada do conceito, a qual tanto a Sociologia do Trabalho, quanto a Geografia do Trabalho denominam como classe-que-vive-do-trabalho, esta busca entendimento não apenas a partir das particularidades das vivências dos ofícios, mas de uma universalidade ontológica que une as mais diversas categorias de trabalhadores, que é a realidade objetiva de ter apenas sua força de trabalho como forma de garantir sua existência e reprodução social. O marco temporal deste trabalho se dá em meio ao período da Ditadura Empresarial-Militar, o que também exigiu dessa pesquisa um profundo diálogo historiográfico e análise documental do período para compreensão da conjuntura política a qual o Jornal e os Trabalhadores estavam vivenciando, tal diálogo enriqueceu a pesquisa e também trouxe à luz do conhecimento documentos do Serviço Nacional de Informação (SNI) sobre a região do Vale do Jequitinhonha que, até onde se sabe, ainda não haviam sido descobertos. Os procedimentos metodológicos desta pesquisa foram análises bibliográficas e documentais, tendo como base teórico-metodológica o materialismo histórico, que também pode ser chamado de materialismo histórico - geográfico.