Esta tese analisa a relação entre a exploração de madeira da Mata Atlântica e a territorialização do capital no norte do Espírito Santo, tendo como foco a importância econômica e política dessa exploração madeireira para o Estado, bem como para a própria região e municípios. Entende que essa atividade econômica desempenhou papel essencial para a territorialização do capital e efetiva colonização da área, concretizada nos anos 1980. A pesquisa tem como recorte temporal o ano de 1920 e o de 1985 porque destacam o período mais representativo, com início e declínio, da exploração madeireira no norte do Espírito Santo. Para tanto, apoia-se na história oral como metodologia, além de vasta documentação formada, dentre outros, por Mensagens e Relatórios de Governo, Censos do IBGE, jornais e revistas especializadas. Nesse contexto, a pesquisa detectou a existência de fronteiras agrícolas, enquanto fenômenos característicos da expansão capitalista, estreitamente relacionados ao surgimento do norte do Espírito Santo como região econômica e política, além de zona típica de exploração madeireira. Esta realizada mediante o funcionamento de centenas de empresas (majoritariamente pequenas e médias, regularizadas e clandestinas) do setor de madeira e de móveis. Algumas eram concessionárias do Estado, outras pertenciam a políticos locais (coronéis), alguns com longa tradição familiar, outros, formados na conjuntura marcada pela violência da qual tanto a política quanto a terra e a exploração madeireira fizeram parte. Esta última, especializada, complexa e árdua, realizada sobretudo por força de trabalho assalariada com direitos trabalhistas nem sempre assegurados, transformou-se numa das mais significativas fontes de renda para o Governo do Estado. Mais relevante, com efeito, do que a documentação permite avaliar.