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Dados do Trabalhos de Conclusão

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
CIÊNCIAS SOCIAIS EM DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA E SOCIEDADE (31002013007P9)
O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: EM PROL DA (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL?
MARINA LOBO GIBSON
DISSERTAÇÃO
06/03/2024

Nos últimos anos, tanto no Brasil quanto no mundo, observou-se um aumento da fome e da insegurança alimentar, que se agravaram especialmente com a pandemia de Covid-19, em 2020, e, no caso de países como o Brasil, com as desregulamentações de governos de direita. Em meio a esse cenário, o agronegócio brasileiro, que continua acumulando recordes de exportação e faturamento, se coloca como o responsável por “alimentar o mundo” e por garantir a “segurança alimentar global”, em um discurso que em muito se assemelha com a construção internacional do conceito e os debates em torno da necessidade de desenvolvimento dos países, associando a segurança alimentar com o crescimento econômico e o comércio agrícola mundial. Frente a essa contradição, entre um agronegócio com recordes sucessivos de exportação e faturamento e níveis cada vez menores de segurança alimentar no Brasil, o presente trabalho tem por objetivo analisar como o agronegócio brasileiro constrói sua narrativa alimentar, pautada no conceito de segurança alimentar global, como forma de legitimar sua atuação política e reforçar sua importância para o país. Os objetivos específicos são: analisar a construção do conceito a nível internacional, a partir de sua associação com o debate sobre desenvolvimento, e sua inserção nacional; compreender o contexto e as formas através das quais a segurança alimentar foi mobilizada pelo agronegócio brasileiro quando do início da conformação deste setor; e analisar como a segurança alimentar é utilizada atualmente pelo agronegócio, a partir de seu agenciamento pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). Para cumprir com tais objetivos, foi realizada primeiramente uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos de agronegócio e segurança alimentar. Em seguida, como estudo de caso, selecionou-se a ABAG. Criada em 1993, a ABAG foi a primeira associação intersetorial do agronegócio no país, sendo responsável por iniciar a construção de uma retórica de legitimação para o setor. Nesse momento, a segurança alimentar passou a ser mobilizada, vide o lançamento, também em 1993, do livro “Segurança Alimentar: Uma Abordagem de Agribusiness”, o qual elencava a segurança alimentar como a principal responsabilidade social do agronegócio. O foco da análise empreendida foi a mobilização da segurança alimentar no Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), evento criado em 2002 e promovido anualmente pela ABAG, entendido como um espaço de consolidação e divulgação do discurso do setor. Analisou-se a íntegra da 21ª edição do CBA, disponível no canal de Youtube da associação. Realizado em 2022, o evento ocorreu em um contexto de aumento da insegurança alimentar no Brasil e no mundo e em ano de eleições significativas para o país, nas quais o debate sobre a fome esteve em evidência. Foram realizadas também entrevistas com o presidente da ABAG e duas integrantes do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Os resultados da análise concluem que o agronegócio brasileiro mobiliza a segurança alimentar em uma perspectiva global como forma de legitimar e angariar apoio político a seus pleitos. Focando na dimensão da produção para a garantia da segurança alimentar, o setor reforça a necessidade de aumento da produção agrícola brasileira para alimentar uma crescente população mundial, destacando a importância do comércio e das exportações brasileiras. Em um contexto de críticas ao aumento do desmatamento no Brasil no governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) e de restrições às exportações do país por parte principalmente da União Europeia, o setor mobiliza a segurança alimentar para justificar a necessidade de se abrirem novos mercados ao agronegócio brasileiro e a importância do setor para garantia do bem-estar mundial. O debate sobre acesso à alimentação, ainda que seja reconhecido, é desvinculado do setor, sendo definido como uma responsabilidade dos governos, através de políticas públicas de geração de renda e emprego. O agronegócio reconhece, portanto, o problema da insegurança alimentar, mas a mobiliza de forma a elencar o setor como responsável por sua solução, desassociando-se de suas causas.

Agronegócio;segurança alimentar;discurso;ABAG
In recent years, both in Brazil and around the world, there has been an increase in hunger and food insecurity, which has been particularly aggravated by the Covid-19 pandemic in 2020 and, in the case of countries like Brazil, by the deregulations of right-wing governments. Amid this scenario, Brazilian agribusiness, which continues to accumulate export and revenue records, places itself in charge of “feeding the world” and guaranteeing “global food security”, in a dis-course that resembles the international construction of the concept and the debates around the need for countries to develop, associating food security with economic growth and global agri-cultural trade. Faced with this contradiction, between an agribusiness with successive export and revenue records and ever-decreasing levels of food security in Brazil, the aim of this research is to analyze how Brazilian agribusiness constructs its food narrative, based on the concept of global food security, as a way of legitimizing its political actions and reinforcing its importance to the country. The specific objectives are: to analyze the construction of the concept at the international level, based on its association with the debate on development, and its national inser-tion; to understand the context and the ways in which food security was mobilized by Brazilian agribusiness when the sector was first established; and to analyze how food security is currently mobilized by agribusiness, based on its use by the Brazilian Agribusiness Association (ABAG). To achieve these objectives, it was first carried out a literature review on the concepts of agribusiness and food security. Then, as a case study, ABAG was selected. Created in 1993, ABAG was the first intersectoral agribusiness association in the country and was responsible for beginning to build a rhetoric of legitimacy for the sector. At this time, food security began to be mobilized, with the launch, also in 1993, of the book "Food Security: an agribusiness ap-proach", which listed food security as the main social responsibility of agribusiness. The focus of the analysis undertaken was the mobilization of food security at the Brazilian Agribusiness Congress (CBA), an event created in 2002 and promoted annually by ABAG, understood as a space for consolidating and disseminating the sector's discourse. We analyzed the full content of the 21st edition of the CBA, available on ABAG's YouTube channel. Held in 2022, the event took place in a context of increasing food insecurity in Brazil and around the world and in a year of significant elections for the country, in which the debate on hunger was in the spotlight. In-terviews were also conducted with the president of ABAG and two members of the Peasant Women's Movement (MMC). The results of the analysis conclude that Brazilian agribusiness mobilizes food security from a global perspective as a way of legitimizing and garnering politi-cal support for its demands. Focusing on the dimension of production to guarantee food securi-ty, the sector reinforces the need to increase Brazilian agricultural production to feed a growing world population, highlighting the importance of Brazilian trade and exports. In a context of criticism over the increase in deforestation in Brazil under the government of Jair Bolsonaro (2019-2022) and restrictions on the country's exports, mainly by the European Union, the sector mobilizes food security to justify the need to open new markets for Brazilian agribusiness and the importance of the sector in guaranteeing global well-being. The debate on access to food, although recognized, is disconnected from the sector, being listed as a responsibility of govern-ments, through public policies to generate income and employment. Agribusiness therefore recognizes the problem of food insecurity but mobilizes it in such a way as to list the sector as responsible for its solution, disassociating itself from its causes.
Agronegócio;segurança alimentar;discurso;ABAG
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PORTUGUES
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
O trabalho possui divulgação autorizada
MarinaLoboGibson_Dissertac807a771o_VF (1).pdf

Contexto

DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA E SOCIEDADE
NATUREZA, CIÊNCIA E SABERES
Economia política do clima: construções, controvérsias e impactos

Banca Examinadora

FABRINA PONTES FURTADO
DOCENTE - PERMANENTE
Sim
Nome Categoria
FABRINA PONTES FURTADO Docente - PERMANENTE
RAQUEL GIFFONI PINTO Participante Externo
RENATO SERGIO JAMIL MALUF Docente - PERMANENTE

Financiadores

Financiador - Programa Fomento Número de Meses
FUND COORD DE APERFEICOAMENTO DE PESSOAL DE NIVEL SUP - Programa de Demanda Social 12

Vínculo

CLT
Outros
Outros
Não
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