O protozoário Trypanossoma cruzi é o agente etiológico da tripanossomíase americana, conhecida como doença de Chagas, uma enfermidade tropical classificada pela Organização Mundial da Saúde como negligenciada. No Brasil, a estimativa é que haja entre dois e três milhões de pessoas infectadas, sendo que a concentração desses casos se dá na região norte do Brasil, em especial no estado do Pará. Cães e gatos participam do ciclo peridoméstico de T. cruzi, e a proximidade que esses animais têm com o ser humano trazem a tona a necessidade de se compreender o papel dos mesmos no ciclo deste parasito. Portanto, o presente estudo teve por objetivo determinar a frequência da infecção por Trypanosoma cruzi nos cães e gatos da região nordeste do estado do Pará. O estudo foi realizado com animais oriundos do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Pará – HV/UFPA, no municipio de Castanhal (grupo A) e cães e gatos dos municípios de Castanhal e Santa Izabel do Pará que foram amostrados nas suas respectivas residências (grupo B). Para isso, amostras de sangue foram submetidas aos testes de esfregaço sanguíneo e microhematócrito. As amostras de DNA obtidas do sangue total desses animais foram submetidas a uma Nested-PCR (nPCR) para a pesquisa de DNA de T. cruzi. Os testes diretos foram todos negativos, enquanto que a frequência de amostras positivas pela nPCR foi de 14,03% (16/114) animais, sendo todos cães 15,68% (16/102). Não houve diferença significativa da frequência de detecção do DNA de T. cruzi entre os grupos amostrais, local de residência, nem em relação à idade, sexo e raça dos cães. Concluímos assim que cães são mais frequentemente infectados que gatos e, portanto, devem ter maior importância epidemiológica no ciclo peridoméstico de T. cruzi, na área estudada.