A formulação de substratos apropriados é um fator essencial para o sucesso do cultivo de morangos em sistemas semihidropônicos, sendo a qualidade do substrato determinante para o desenvolvimento saudável das plantas e, consequentemente, para a produtividade da cultura. Nesse contexto, o uso de substratos formulados a partir de resíduos agroindustriais apresentase como uma alternativa promissora, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental, especialmente em regiões com abundância desses materiais. O objetivo deste estudo foi desenvolver um substrato utilizando resíduos agropecuários e industriais, como cama de frango, palha de café e moinha de carvão, avaliando seu desempenho no cultivo de morangos em sistema semihidropônico no estado do Espírito Santo. O delineamento experimental foi realizado em blocos casualizados, com seis tratamentos e dez repetições, sendo cada repetição composta por seis plantas, totalizando 420 plantas. Os tratamentos consistiram em cinco diferentes formulações de substratos experimentais e um substrato comercial, utilizado como controle. A formulação básica do substrato foi composta por dois resíduos agrícolas abundantes: cama de frango e palha de café, na proporção de três partes de cama de frango para uma parte de palha de café (3:1, v/v). Após a compostagem desse material, diferentes proporções de carvão vegetal triturado foram incorporadas ao composto estabilizado, resultando nos cinco tratamentos experimentais: T1 - substrato sem adição de carvão; T2 - 20% de carvão e 80% de composto básico; T3 - 40% de carvão e 60% de composto básico; T4 - 60% de carvão e 40% de composto básico; e T5 - 80% de carvão e 20% de composto básico. Durante o experimento, os substratos foram avaliados a cada 15 dias quanto a parâmetros físicos e químicos, incluindo pH, condutividade elétrica, capacidade de retenção de água e temperatura. Após quatro meses de cultivo, as plantas de morango foram submetidas a uma análise detalhada de características morfológicas e fisiológicas, como teor de clorofila, carotenoides, antocianinas, nitrogênio foliar, número de folhas, altura, área foliar, massa fresca e seca da parte aérea, além de atributos radiculares como comprimento, volume e área superficial de raiz. Os resultados obtidos mostraram que as diferentes proporções de carvão vegetal nos substratos influenciaram significativamente as características físicas dos mesmos, como a capacidade de retenção de água e a condutividade elétrica. Notou-se que o aumento da proporção de carvão vegetal teve impacto direto na temperatura dos substratos e na sua capacidade de retenção de umidade, o que, por sua vez, influenciou as condições de desenvolvimento das plantas. Substratos com maior porcentagem de carvão apresentaram melhor desempenho no controle da temperatura e da umidade, favorecendo o crescimento das plantas. Do ponto de vista fisiológico, as plantas cultivadas nos diferentes substratos apresentaram variações significativas nas concentrações de clorofila, carotenoides e antocianinas, além de variações nas medidas de crescimento, como altura, número de folhas e massa seca da parte aérea. Essas diferenças sugerem que os substratos com proporções moderadas de carvão vegetal podem oferecer condições mais adequadas para o crescimento dos morangueiros, especialmente em termos de disponibilidade de água e nutrientes. Conclui-se que o substrato desenvolvido a partir da compostagem de cama de frango e palha de café, com a adição de carvão vegetal, apresenta características promissoras para o cultivo de morangos em sistemas semihidropônicos. A formulação proposta pode representar uma alternativa viável e sustentável aos substratos comerciais, contribuindo para a redução de custos de produção e promovendo o uso de resíduos agropecuários disponíveis localmente. Essa abordagem oferece benefícios tanto econômicos quanto ambientais, incentivando a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e contribuindo para a economia circular na agricultura do estado do Espírito Santo.